A Comissão Europeia prepara-se para lançar uma nova categoria de carros totalmente elétricos, destinados a serem produzidos na Europa, que irão beneficiar de privilégios especiais como estacionamento preferencial, regras mais leves e regimes de subsídio mais generosos, numa tentativa de proteger a indústria automóvel europeia da concorrência chinesa.
A informação sobre estas medidas foi avançada pelo Financial Times. O pacote visa aliviar a pressão sobre o setor automóvel europeu, que enfrenta desafios crescentes devido à entrada de veículos elétricos chineses mais acessíveis, tarifas dos Estados Unidos e uma procura interna fraca.
Os carros elegíveis, que deverão ter um peso máximo ainda em negociação — estimado em cerca de 1,5 toneladas — terão acesso a lugares de estacionamento reservados e infraestruturas de carregamento, assim como uma isenção de dez anos das novas regulamentações, incluindo normas de segurança e os padrões de emissões Euro 7, previstos para 2026. A medida pretende manter os custos mais baixos, dado que alterações frequentes nas normas contribuem para o aumento dos preços.
Esta nova categoria, informalmente apelidada de “Sejournette” dentro da Comissão, em homenagem ao comissário francês Stéphane Séjourné, reflete uma tentativa de capitalizar a vantagem ainda existente da indústria europeia nos carros pequenos, segmento em que os fabricantes chineses se têm concentrado menos. Empresas como acStellantis e a Renault defendem que uma categoria de carros compactos mais acessíveis e com regulamentação mais leve permitirá a produção rentável de modelos elétricos pequenos. Ao mesmo tempo, os construtores pressionam para que modelos já existentes, como o Renault Twingo, o Citroën ë-C3 ou o Volkswagen Golf, também sejam incluídos nesta categoria.
O conceito inspira-se parcialmente nos “Kei cars” japoneses e será acompanhado por uma revisão largamente debatida do plano da UE que proíbe a venda de motores de combustão a partir de 2035. Esta legislação, inicialmente proposta em 2021, enfrenta resistência da indústria e de políticos de direita, que consideram demasiado rigoroso o ritmo imposto para a transição para veículos elétricos. A discussão sobre a revisão, prevista para ser anunciada a 16 de dezembro, inclui várias opções em debate, como permitir híbridos plug-in e extensores de autonomia por mais cinco anos ou exigir uma redução de emissões de 90% até 2035, deixando espaço residual para motores de combustão.
Outras medidas em consideração incluem a utilização de biocombustíveis e e-combustíveis neutros em carbono, produzidos a partir de dióxido de carbono e energia renovável, embora ainda não exista decisão final. Alguns responsáveis defendem que os híbridos plug-in não devem ser incluídos, alertando que a China está mais avançada nesta tecnologia do que os concorrentes europeus.
A Comissão Europeia não comentou publicamente as propostas que serão oficialmente divulgadas nos próximos dias.














